É consenso que sem o fator humano nas empresas, não há resultados. Também já está comprovado que profissionais saudáveis e felizes tendem a ser mais produtivos, engajados e permanecem mais tempo na empresa. 

Entretanto, muitos indivíduos não possuem letramento suficiente para começarem mudanças efetivas neste sentido, além da maioria das organizações que ainda não possuem ações ATIVAS que visem a promoção do bem-estar do trabalhador. 

Sobre este bem-estar, cabe dizer que é um construto multidimensional, por isso sua abordagem em programas e iniciativas corporativas precisa contemplar uma visão integral. Afinal, não existe separação entre vida pessoal e profissional. A mesma pessoa que “vive” é a que trabalha e faz as entregas de valor em uma empresa.   

A partir de minha vivencia prática em saúde corporativa e ocupacional e todos os meus estudos em desenvolvimento humano, considero fundamental a abordagem deste tema pelas empresas, através destas 8 dimensões: 

Bem-estar financeiro:  

O modelo econômico de um indivíduo influencia todas as outras áreas da sua vida. Isso porque boa parte das necessidades humanas dependem de dinheiro para serem atendidas, desde os recursos para cuidar do corpo e da mente até as condições para melhorar a sociabilidade, por exemplo. A falta dele, por outro lado, não apenas limita o acesso do ser humano a uma vida mais saudável, mas também feliz. Já parou para pensar que a preocupação dos empregados com suas dívidas pode contribuir para o presenteísmo no trabalho? Você sabia que dívidas estão entre os principais motivos da depressão e suicídio no nosso país? 

Bem-estar social:  

A verdade é que se você trabalha com pessoas de que gosta e respeita, e se elas também gostam de você e o respeitam, você provavelmente gosta de trabalhar! Mas se você está em um trabalho em que fica constantemente na defensiva, desprezado ou excluído, você provavelmente caminha para uma infelicidade profunda. Portanto, trata-se de sentimento de pertença, manutenção de relacionamentos saudáveis no trabalho, capacidade de estabelecer intimidade, conexão, amizades. A Gallup descobriu que relacionamentos de trabalho próximos aumentam a satisfação dos funcionários em 50% e que pessoas cujo melhor amigo é colega de empresa têm 7x mais chances de se envolver plenamente com o que fazem. Além disso, o principal fator que prediz saúde, longevidade e felicidade sçao as relações sociais genuínas, conforme o mais longo estudo de Harvard. 

Bem-estar espiritual:  

Se você possui alguma crença espiritual, seja ela qual for, entenda que o seu trabalho diário pode ser uma maneira de colocar essa crença, bem como os seus valores pessoais, em prática. A espiritualidade é fundamental para que o trabalhador tenha mais significado em seu trabalho e seja capaz de fazer da sua profissão um meio de promover melhorias nas vidas dos que convivem diretamente com ele e na sociedade de maneira geral. Existem muitas formas de vivenciar essa relação no dia a dia da profissão, tais como busca de propósito e significado, senso de pertença a algo maior que si mesmo, apreciação da beleza, descoberta e manutenção de valores, cultivo da compaixão, perdão, altruísmo, alegria e contentamento.

Bem-estar físico:  

Esta dimensão muitas vezes é praticada por meio das ações de prevenção a risco de acidentes e os benefícios corporativos com foco em wellness, como academias e snacks saudáveis. Mas envolve também cuidados com corpo, pausas ativas, atenção ao sono dos trabalhadores, evitar toxinas. 

Bem-estar emocional:  

Envolve a compreensão dos sentimentos e respostas emocionais próprias e dos outros, a habilidade de compartilhar e gerenciar as emoções de forma construtiva. Ações que promovam o autoconhecimento, o gerenciamento do estresse, prática e desenvolvimento de Happiness skills e a confiança e segurança psicológica são importantes neste sentido.

Bem-estar intelectual:  

Refere-se à tudo que agrega conhecimento. Envolve a busca pelo crescimento intelectual e manutenção e expansão da mentalidade de crescimento. Ações que estimulem o 70-20-10, programas de mentorias internas, clubes de leituras, atividades culturais, e estimulo para uso das forças de caráter, especialmente as que envolvem aprendizagem, resolução de problemas e perserverança são essenciais.

Bem-estar ambiental:  

Ela inspira a viver um estilo de vida que respeite o nosso ambiente. Implica em reconhecer que somos responsáveis pela preservação dos nossos recursos naturais e que sem sustentabilidade ambiental não há sustentabilidade humana.  Inclusive, existe forte correlação entre atingir metas de desenvolvimento sustentável e medidas autorrelatadas de bem-estar (Relatório Mundial da Felicidade). 

Bem-estar ocupacional/vocacional:  

Levar em consideração aspectos da cultura, como as pessoas se comunicam, como as equipes priorizam os relacionamentos, o quanto as pessoas se sentem engajadas no que fazem e a oportunidade para os indivíduos moldarem seus papéis para gerar maior significado e senso positivo de si mesmo (Job Crafting). 

Portanto, é necessário equilíbrio e responsabilidade com os hábitos que são colocados no nosso dia-a-dia: eles são a chave para a construção do próprio bem-estar. Ainda, todas as dimensões estão interconectadas, quando falhamos em uma, há grandes chances desta afetar as outras. 

Por isso, a harmonia entre estes pilares é muito importante para a Felicidade e Bem-Estar do Trabalhador.