Sabendo que o trabalho pode ser tanto uma fonte de sofrimento, quanto de prazer, é necessário ter clareza sobre os fatores que fazem qualquer uma das condições manifestarem. 

Segundo o dicionário Michaelis (1998), a palavra sofrimento apresenta as seguintes definições: 1. Ação ou efeito de sofrer, dor, padecimento. 2. Amargura. 3. Paciência, tolerância, desastre. 

Para Friedmann, 1973, o trabalho é ação quando o sujeito utiliza sua singularidade e imprime nele características de sua personalidade. Em determinadas atividades de trabalho, onde não exista esta possibilidade, aparecem os estados de insatisfação, desânimo, tristeza, depressão. Quando a relação de uma pessoa com o trabalho é ruim, todos os dias são sofridos, pois, ela sente-se refém de uma rotina que hostiliza. 

Sabe qual é o problema nisso? 

Acostumar com esta realidade e acreditar em narrativas convenientes para mantê-la, “minha profissão é assim mesmo”, “é por uma boa causa”, “vou ficar só por mais um tempinho”, “o salário compensa”... Isso acontece por medo da mudança que muitas vezes consome energia, e neste caso, a inércia convida a continuar onde está por mais desagradável que seja. 

Mudar pode ser um desafio, mas permanecer repelindo o trabalho também é. Nunca é demais lembrar que todo sofrimento emocional vivenciado no contexto profissional, pode interferir nos outros pilares do bem-estar, como o contrário também é verdadeiro! Afinal, não existe vida pessoal e profissional. Existe vida! 

No livro, “Morrendo por um Salário” (recomendo muito para empregados e empregadores), o autor Jeffrey Pfeffer, enfatiza que as pessoas só tomam alguma atitude sobre os trabalhos nocivos, quando acontece um evento precipitante (espécie de tapa na cara) que faz o empregado enxergar a realidade, quando têm uma rede de apoio que ajuda no encorajamento ou quando ficam psicologicamente ou fisicamente doentes, e não conseguem mais continuar. 

Então, o que pode ser feito? 

Minha sugestão é começar negociando consigo mesmo outros caminhos: 

- Listar as causas da insatisfação no trabalho; 

- Para cada insatisfação listada, verificar se há algo que pode ser mudado; 

- Avaliar se é possível fazer estas mudanças permanecendo na mesma empresa. 

- Criar um plano de ação. Isso já ajudará a trazer mais leveza para o presente! 

Dito isso, não deixar de olhar para essa situação com o respeito e cuidado que ela merece e buscar ajuda profissional, são ações fundamentais também.